Republicado como apoio aos termos da carta abaixo da Associação Cultural José Martí, que também foi apoiada pelas entidades abaixo assinadas.
A Associação
Cultural José Martí do Rio de Janeiro, entidade de solidariedade a
Cuba, e demais entidades que assinam este documento, vêm manifestar
publicamente seu repúdio ao governo Jair
Bolsonaro, que tem
revelado, desde o início, a sua tendência neofascista. Mesmo antes
do resultado das eleições de 2018, já era visível esse viés
autoritário por meio das declarações de apologia à
ditadura militar e à
tortura.
O terreno para
ascensão da extrema-direita no Brasil estava sendo preparado desde
antes do golpe que resultou no impeachment da presidenta Dilma
Rousseff e teve como marco o assassinato da
vereadora Marielle
Franco e do seu motorista Anderson Gomes.
O segregacionismo da
sociedade brasileira instigada pela mídia burguesa favorece as
propostas conservadoras dos atuais governos federal, estadual e
municipal e estimula o abismo socioeconômico
que destrói vidas
humanas no país.
Ultimamente nos
deparamos com projetos, declarações e medidas, que atingem a
economia e a cultura, desrespeitam a Constituição de 1988,
contrariam os interesses da sociedade brasileira,
ignoram a autonomia
de instituições de ensino e de cultura e impedem a liberdade de
expressão.
Nos últimos meses
já foram aprovados diversos projetos que flexibilizam os direitos
trabalhistas, estimulam relações de trabalho semelhantes à
escravidão e facilitam a exploração econômica em
reservas indígenas.
Além disso, foi
aprovada a reforma da Previdência, que coloca em risco a
sustentabilidade da previdência pública e prejudica a todos - os
que já estão no mercado de trabalho e os futuros
trabalhadores que
terão seus rendimentos reduzidos e seu tempo de contribuição
obrigatório aumentado, dentre outras perversidades como a diminuição
das pensões por viuvez, acidente e doenças.
Seguindo essa
política de destruição das instituições públicas, o governo
congela os investimentos em saúde e educação, corta verbas para
pesquisas e extingue programas importantes como o Mais
Médicos.
Agora, está na
ordem do dia a proposta de uma enganosa Reforma Administrativa que
visa precarizar a atividade profissional dos servidores públicos e
dar continuidade à política de desmantelamento
do Estado.
O descalabro do
atual governo atinge diversos setores da sociedade brasileira quando
se mostra irresponsável em relação à liberação de agrotóxicos
proibidos em muitos países; quando encoraja
incêndios e
desmatamentos da floresta amazônica e faz vista grossa ao óleo que
atingiu o litoral do Nordeste, dentre outras negligências.
Segundo Jorge
Dimitrov, a “subida do fascismo ao poder não é uma simples
mudança de um governo burguês, mas sim, a substituição de uma
forma estatal de dominação de classe da burguesia – a
democracia burguesa
– por outra das suas formas, a ditadura terrorista declarada”.
No momento em que se
propõe como única saída para a crise o aprofundamento da
exploração dos trabalhadores, as liberdades democráticas burguesas
já não são de grande serventia. Para salvar
o capital financeiro
internacional aplicam-se, sem escrúpulos e com apoio da mídia
burguesa, políticas entreguistas e privatizantes, que retiram
direitos sociais e trabalhistas e impõem à classe
trabalhadora medidas
que ampliam a precarização do trabalho e aprofundam a desigualdade
social.
Essas políticas já
alcançaram a Embraer, vendida para os EUA, está atingindo a
Petrobras e pode levar além da Eletrobras, todo o setor do
saneamento básico e a água, transformar tudo em
mercadoria
controlada por estrangeiros e aumentar os preços para a população.
Sem empresas nacionais nos setores estratégicos, a soberania estará
comprometida.
Felipe Coutinho,
presidente da AEPET, explica que “o petróleo deve estar a serviço
dos interesses nacionais e, para tanto, é fundamental que a
Petrobras exista como empresa estatal e atue de forma
integrada,
nacionalmente e verticalmente”. Entretanto, “a administração
atual visa à privatização. Mas como isso é impossível de forma
integral, estão vendendo os ativos aos poucos, de forma fatiada.
Este é o primeiro
passo para a privatização”.
O desmonte
sistemático que vem sofrendo a Petrobras faz parte dessa política
entreguista, que aprofunda a subordinação do Brasil ao grande
capital estrangeiro e afeta a soberania nacional.
O governo brasileiro
alinha-se aos interesses dos EUA e danifica sua política exterior a
ponto de o Brasil votar, pela primeira vez, junto com Israel, pela
manutenção do bloqueio econômico e comercial
dos EUA contra Cuba
e apoiar a tentativa de golpe na Venezuela, o que contraria o artigo
4o da Constituição da República Federativa do Brasil.
Tais posturas
retrógradas, misóginas, racistas, homofóbicas que constituem a
atual guerra ideológico cultural contra os interesses populares e os
setores democráticos têm atingido cotidianamente a
produção artística
nacional.
A Escola de Cinema
Darcy Ribeiro no Rio de Janeiro, por exemplo, no início de 2020, foi
alvejada pelo governo Bolsonaro: a administração dos Correios, dona
do prédio onde a Escola funciona,
solicitou a
devolução do imóvel para incluí-lo no patrimônio a ser
privatizado. O despejo levaria implacavelmente ao fechamento da
Escola, que já há 20 anos é referência de formação profissional
no
campo audiovisual.
Outros exemplos são
o acossamento à produção do filme Marighela do diretor Wagner
Moura; a ordem da Secretaria de Educação de Rondônia para recolher
livros considerados impróprios a crianças
e adolescentes; a
nomeação de Roberto Alvim como Secretário de Cultura e a tentativa
de nomear para a presidência da Fundação Cultural Palmares o
jornalista Sérgio Camargo, que deprecia a luta
histórica dos
negros no Brasil; a proposta de excluir diversas ocupações
artísticas do sistema de Microempreendedor Individual (MEI), dentre
outros tantos descalabros anticulturais.
Nesse cenário de
destruição do país e de violência contra o povo, o Presidente
apoia o motim dos policiais no Ceará e, em pleno período de
carnaval, fustiga seus seguidores em favor de
manifestação pelo
fechamento do Congresso Nacional: contraria mais uma vez a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, incita,
dessa forma, um Golpe de Estado e, ao mesmo tempo,
forma um governo
militarizado com a nomeação de vários generais para ocuparem
postos desde ministérios até cargos administrativos em órgãos
estatais.
O que está sendo
ocultado? Qual a intenção desse “desgoverno”? Os fascistas têm
sede de poder e, conjuntamente com a classe dominante, trabalham em
projetos de longo prazo que visam ao
aprofundamento da
exploração dos povos e sua dominação.
O povo brasileiro se
vê cercado, encurralado.
A Banalização da
Barbárie vulgarizou.
É preciso levar em
conta que, sob a batuta dos EUA e enquanto os banqueiros
internacionais e nacionais comandarem o navio negreiro e enquanto os
militares apoiarem a entrega das riquezas
nacionais e a
escravização do povo brasileiro, o presidente continuará
distraindo os incautos com seu circo macabro.
A nós cabe
repudiar, resistir, reagir e agir!
Por um Brasil
soberano e livre!
Pela Segunda e
Definitiva Independência!
Pelo Povo
Brasileiro!
Ditadura Nunca Mais!
Assinam este
documento:
- Associação
Cultural José Martí – RJ – ACJM-RJ
- Casa da América
Latina - CAL
- Os Amigos de 68
- Inimigos do
Império
- Movimento em
Defesa da Economia Nacional - MODECON
- Comitê de
Solidariedade à Revolução Bolivariana
- Frente
Internacionalista dos Sem Teto - FIST
- Brigadas Populares
- Ala Moça
- Centro Ruy Mauro
Marini
- Campanha Brasil
pela Segunda e Definitiva Independência
- Comitê de
solidariedade à luta do povo palestino - RJ.
- Comitê de
Autodefesa FORA BOLSONAROS
- Círculos pela
revolução brasileira.
- Liga dos Direitos
Humanos
- Comitê Nacional e
Internacional de Comunicação Popular - Conaicop BR
Diretor Internacional do Conaicop; Ruben Suarez
Secretária Geral do Conaicop Br: Cristine Camargo
Publicado por Luiz Pimenta
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