terça-feira, 10 de março de 2020

Venezuela - Estaria Tio Sam dando ordens a Bolsonaro?


Artigo de Roberto Bergoci
Diretor do Conaicop: Rubén Suaréz
Secretária Geral Conaicop Br: Cristiane Camargo

Bolsonaro nos EUA: estaria o miliciano recebendo as ordens de Tio Sam contra a Venezuela?


  Em mais uma de suas rotineiras passagens subservientes pelos EUA, o presidente miliciano Jair Bolsonaro assinou acordos de livre comércio e parceria militar  com os capitalistas estadunidenses, aprofundando ainda mais o grau de servilismo colonial à pátria ianque.
 Num esvaziado discurso para empresários durante o Seminário Empresárial Brasil-Estados Unidos em Miami, após negar o avanço da crise capitalista mundial que em cheio tem atingido o Brasil, Bolsonaro em mais uma sequência de suas "pérolas" fascistas bem semelhantes com as falas do facinora chileno Augusto Pinochet, ameaçou toda a esquerda brasileira e também o governo bolivariano de Nicolas Maduro na Venezuela.
 De acordo com Bolsonaro: "Caminhamos desta maneira [na política do governo], temos um inimigo interno ainda forte, a esquerda. Combatemos duramente. Sabemos que não podemos dar trégua ou oportunidade para eles. Caso contrário, eles voltam. Como voltaram no país ao Sul da nossa querida América".( https://noticias.uol.com.). Ainda segundo Bolsonaro, seu governo e  partidários devem "lutar para que outros países da nossa América do Sul não vivenciem o que está experimentando, lamentavelmente, os nossos irmãos venezuelanos" , numa clara hostilidade e ameaça contra nosso país irmão.
  Importante lembrarmos que no último domingo dia 08 de março, Bolsonaro assinou no quartel general do Comando Sul dos EUA, um acordo de parceria militar entre os dois países. É a primeira vez que um presidente brasileiro visita este Comando, que é responsável pelas operações militares e de segurança do imperialismo na América do Sul, Central e Caribe, ficando patente que o governo colonizado de Jair Bolsonaro possui apoio de setores do Complexo Indústrial Militar dos EUA, uma das forças hegemônicas do núcleo imperialista.
 De acordo com o site G1: "O comandante do Comando Sul, almirante Craig Faller classificou o acordo como 'histórico', capaz de ampliar o compartilhamento de experiências entre os dois países.
 Segundo o militar, foi possível discutir na visita de Bolsonaro ameaças à democracia" ( G1. Globo, 08-03-2020).
 Neste contexto é importante ressaltarmos que, ano passado o Brasil passou a ser reconhecido como aliado extra-OTAN, além de ter entregue a base de Alcantara aos militares ianques, abrindo possibilidade real para o recrudescimento armamentista e guerreirista do imperialismo em nossa região, cumprindo um papel de segundo enclave belicista de Washington na América do Sul junto da Colombia. Tal fato tem como uma de suas principais finalidades, cercar a Venezuela militarmente, facilitar o deslocamento e presença de tropas militares estadunidenses nas fronteiras com a Venezuela e também proporcionar maior interligação e parceria entre os militares e instrutores ianques, junto a não só os membros regulares das Forças Armadas brasileiras e Colombianas, mas também dos agrupamentos de paramilitares mercenários, que poderiam desencadear uma sequência de batalhas militares irregulares contra a Venezuela, como parte de uma guerra por procuração. Na verdade, assim como vem fazendo contra a Rússia em toda a Eurasia, o imperialismo tenciona desestabilizar ou criar hostilidade permanente em todo o entorno da Venezuela, fechando o país numa espécie de anel hostil.

 Uma guerra direta envolvendo Brasil e Venezuela, poderia gerar custos econômicos e políticos insustentáveis diante da atual situação do capitalismo brasileiro. Dessa forma, o imperialismo utilizaria as táticas da chamada "guerra especial", como fizeram contra o Vietnã, desenvolvidas pelo seu estrategista militar Maxwell Taylor, adaptando-a para a América Latina do século XXI, radicalizando o acirramento da guerra irregular contra a Venezuela, tendo os  componentes centrais desse esquema, Brasil e Colômbia como retaguarda; enviando mercenários, dando cobertura e protegendo desertores, financiando ações conspirativas e bélicas, incrementando as armas das guerras psicológicas e diplomáticas com apoio militante da grande imprensa burguesa sucursais de Washington.
 Nesse redemoninho de ações caóticas, Bolsonaro cumpriria uma função de suma importância neste  xadrez geoestratégico do imperialismo, sobretudo pelo papel que cumpre o Brasil de líder regional em todo o continente.
 A parceria militar entre Brasil-EUA, é o cimento que solidifica as relações não só de Bolsonaro que é de fato um vergonhoso capataz de Donald Trump, mas principalmente nas altas patentes dos militares brasileiros que, além de estarem amplamente representados no atual governo, poderiam perceber tal parceria como oportunidade de melhor aparelhamento das Forças Armadas, além de boas possibilidades de alavancarem suas carreiras; ou seja, estão sujeitos a uma ainda mais profunda e nefasta influência ideológica por parte do imperialismo, que toca a trombeta bem alto da nova guerra fria.
 Recentemente o presidente venezuelano Nicolas Maduro denunciou tal papel criminoso de Bolsonaro a serviço do imperialismo. Segundo Maduro: "Da Casa Branca, um plano foi decidido para levar guerra a Venezuela. Para iniciar um conflito violento e armado e justificar uma invasão..."( O Globo, 06-03-2020).
 Tal afirmativa de Maduro faz todo sentido, poís recentemente o governo neofascista brasileiro mandou retirar todos os funcionários consulares e de diplomacia na Venezuela, abrindo possibilidades para a expulsão dos seus homólogos venezuelanos no Brasil, num claro rompimento diplomático por parte do governo Bolsonaro, que faz acirrar ainda mais o clima bélico entre os dois países, já muito tenso sobretudo quando o governo brasileiro, numa provocação barata contra Maduro, deu guarida aos militares desertores venezuelanos, que tentaram desencadear um golpe criminoso contra seu próprio povo.
  Com o avanço da crise capitalista, o imperialismo necessita garantir fontes de matéria prima, reservatórios seguros de água potável e petróleo. Além da pilhagem bandida e neocolonial contra os recursos naturais e energéticos da Venezuela, o imperialismo planeja se apossar por completo do Estado bolivariano e destruir todas as conquistas economicas e sociais dos trabalhadores pela via de um neoliberalismo selvagem.
 Os EUA tem levado adiante na América Latina a criminosa política de "dominação do espectro total", recrudescendo sua geopolítica do caos com a finalidade de minar por completo as posições de Rússia e China na região, garantindo dessa forma o pleno controle do continente para suas multinacionais expandir seus mercados e o saque de mais-valia das massas trabalhadoras, bem como possibilidades de lucros para o capital financeiro de Wall Street e gigantes do petróleo.
 Estamos diante da fase mais predatória do imperialismo capitalista, marcado pela espoliação em larga escala, genocídio social e econômico contra nossos povos, para garantir a ferro e fogo as necessidades de acumulação da burguesia em decadência. A Venezuela dessa forma, é vital para os interesses predatórios dos piratas imperialistas.
 É preciso desde já, fortalecer um polo continental de luta antiimperialista em nosso continente para defender a Venezuela das mãos genocidas da Casa Branca e seus lacaios latinoamericanos do naipe de Bolsonaro, Ivan Duque e Juan Guaidó. Mais do que nunca se faz necessário o fortalecimento radical do internacionalismo proletário revolucionário em defesa da pátria de Bolívar e Chaves.
 Nas condições históricas da Venezuela atual, a vitória do imperialismo contra Maduro significaria de fato um genocídio de tipo fascista contra o povo venezuelano. O imperialismo somente poderia sair vitorioso na Venezuela com suas botas encharcadas de sangue e isto arrastaria todo o nosso continente para o caos.
 Confiamos nos trabalhadores revolucionários da Venezuela e seu potencial de luta contra o império. Mais do que nunca, as milícias populares tem de estar armadas, com fuzil na mão e atentos, combatendo lado a lado com seus irmãos bolivarianos das Forças Armadas convencionais, toda ameaça golpista. Socialismo ou fascismo; revolução e contra-revolução se enfrentam na Venezuela.
 Fazemos um firme chamado em defesa de uma Frente Latinoamericana Antiimperialista em defesa da Venezuela

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