quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

UM ANO DE UM GOVERNO FASCISTA.

Dos teóricos, a interpretação de sociedade que entendemos como a mais pertinente a essa analise é a Marxista, é dela a concepção da transformação de tudo em mercadoria, atrativas ou não ao capital.

A mão de obra atrativa recebe um tratamento, os nãos atrativos ao mercado recebem o tratamento adequado a uma categoria que pesa os cofres públicos e ao capital, que enfeia as cidades e as áreas turísticas, que perturba com sua musica indecente, que fere os olhos com a sua sujeira e fome. A esses, o tratamento do capital é a eliminação.

UM ANO DE UM GOVERNO FASCISTA.

Nesse tempo eu até aprendi a escrever fascista sem esquecer o s “carioquexs”, afinal como esquecer os cariocas?

A compreensão do que leva um estado como Rio de Janeiro a cultivar políticos como a família Bolsonaro, o atual governador do estado e o prefeito do município do Rio de Janeiro responde a questão nacional como um todo.

A ideia fascista, neofascista ou integralista como preferirem, apregoada livremente entre os púlpitos desde os mais tradicionais aos de porta de loja. Utilizando-se desse espaço como justificação para todo ato de preconceito, exclusão, separação e violência, na defesa do nome de deus e seus bons costumes, que devem ser preservados em nome da ordem.

Ordem capitalista, embreada em cada ensinamento cristão contemporâneo, em que a teologia da prosperidade responde prontamente às melhores escolhas de fieis e seu nicho de mercado.

E em troca da benevolência desse deus tão bondoso e salvador impunha ao fiel uma nova cultura, uma cultura que o diferencia de todos os demais, suas roupas, hábitos, convicções, desejos e defesas.
É essa arma de difusão ideológica capaz de naturalizar em toda a sociedade a morte de outro ser humano, um ser humano que perdeu seu lugar como gente na sociedade, e que tem hoje não apenas a sua força de trabalho como mercadoria, mas tem definido o valor de sua vida. Se para o bem e a defesa da “sociedade de bem” outras vidas menos importantes podem e até devem morrer, que assim seja.

A proposta ideológica se diz não racista, e devemos citar algo muito importante, se você compactua dos mesmos valores morais e políticos você pode fazer parte dessa sociedade, mesmo sendo negro, e se homossexual se for reservado e manter as aparências tudo bem também.

Reinou-se em meio às alucinantes atitudes desse governo um misto de deboche e provocação. Vivemos durante todo o ano uma guerra ideológica, e claro psicológica.

Poderia falar dos muitos assassinatos de lideres indígenas, de movimentos sociais e sindicalistas, como também do genocídio dos negros na periferia, ou dos grupos de extermínios da milícia que de maneira estranha sempre estão muito próximos ao clã Bolsonaro, ou até dos desastres causados pela exploração desenfreada das nossas riquezas. Mas, achei que poderia ser mais útil tentar entender o que tem sustentado essa temeridade.

Bem, a resposta é clara! Sua ideologia, sustentada no místico.

Uma mostra disso foi o caso da Amazônia, do óleo nas praias, da privatização da maior reserva de água doce, acontecendo sob todos os olhares, sem nenhuma reflexão ou protesto de que tal natureza fosse feitura desse deus cultuado. Pois a ideia cultuada é de um homem superior à natureza, assim como esse deus distante da sua criação, o homem também está longe da natureza até o momento que será elevado ao seu criador.
Não o conseguem ver aqui, no mistério de tudo que tem vida.

Esse deus da autossatisfação, como cuidado do criador contempla através de benção apenas uma dimensão individual,  e sob essa base de satisfações todas as outras coisas são menores.

Afinal de contas, para que pensar em coisas tão menores como a preservação da natureza  ou do próprio planeta e deixar de pensar na própria satisfação, tudo terá um fim mesmo e os escolhidos irão para um paraíso, que alguns até retratam com uma natureza intocada como o Éden.

Tudo é permanente, inclusive o capital.

Tudo que ele toca vira mercadoria... Inclusive nossas paixões e anseios, tudo vira tempo, somado e computado para um fim, um objetivo comercial dentro da divisão do trabalho e da ascensão social apregoada como ideal a um vencedor. (Tive vontade de rir quando acabei de escrever isso.)

E onde o tempo se transforma em mercadoria, o que é mesmo que estamos vendendo?
É muito difícil separar um tempo pra fazer o que gosta, é difícil sentir culpa da nossa necessidade de viver e pensar que isso seja algo ruim ou imoral. Fazer o que se gota, as coisas de que se gosta é uma necessidade humana, filosófica e política.
Acaso devo eu fazer alguma coisa que não seja da minha vontade?
No capitalismo sim. Tudo vira mercadoria, inclusive nossas paixões.
Sinto uma tristeza enorme, que às vezes me consome, por nós, povo - aqueles que se reconhecem como iguais - não sei se já passaram por isso, mas sabe quando a gente é criança e tem um amigo que a gente gosta muito e que tem menos condição financeira que a gente, e a gente desejava tanto que ele tivesse as mesmas coisas que nós pra gente se divertir junto... e como era bom aquele tempo! (Sei que falo aqui apenas de sentimentos, mas talvez aqui seja o lugar certo para eles).

Minha tristeza é conseguir observar a incerteza, o medo, à incredulidade em muitos de nós, se, realmente alguém ou alguma sigla política conseguirá respondem às nossas necessidades.   

Os anseios que nos movem que nos impulsionam a uma causa. Esses anseios também são moldados, hora se vê dos apaixonados de ambos os lados políticos, causas em comum e brigam inflamados buscando as mesmas coisas, sem saber. Para que possamos buscar respostas às nossas necessidades devemos conhecê-las e reconhecê-las no cotidiano de todos nós trabalhadores.

Quem transformara esse país em um lugar onde o amigo mais pobre possa ter tudo que os demais tenham, é esse reconhecimento.

Você pode se perguntar o porquê à igualdade é tão importante. E pra essa pergunta eu ainda não tenho nenhuma resposta concreta. Ela foge das bases matemáticas e financeiras, bem colocado pelo Ministro da Economia.

Pra essa pergunta só tenho respostas filosóficas e sociais, descartadas nós últimos anos.

Mas, me arrisco afirmar com todas as certezas matemáticas, que os nossos flagelos seriam exageradamente menores ou até mesmo nulos. E certamente estaríamos mais realizados.

Sabemos do papel importante do Brasil para uma proposta unificadora da esquerda, como também sua importância enquanto colônia para as potencias mundiais. Resta saber se o Brasil chegara a uma independente condução do seu caminho. Pois, para isso terá que enfrentar uma forte desconstrução ideológica das massas, as mesmas que elegeram esse governo e principalmente que ainda o defende.

Escrevo aos brasileiros e como brasileira. Sei como gostamos de uma festa, e não há nada de errado com a nossa cultura, o nosso modo de ser no mundo, com a nossa cultura Latina. Nós somos assim, e  faz um bem danado saber disso.

 É bom até que se esclareça: se reconhecer é ascensão social, e desse modo à ascensão financeira não deixa de ser um fim no capital, mas ela não é mais uma figura de enquadramento ou aceitação a uma classe financeiramente mais alta, mas ainda assim trabalhadora. Que, aprendeu dessa forma a se mostrar vencedor nessa sociedade competitiva e ideologicamente individualizada, como alguém que deve fugir da herança do passado de perdição e imoralidade aonde vivem os pobres e os miseráveis.

Se reconhecer faz toda a diferença para continuarmos.

O choque, o confronto físico só é bom ao próprio capital, um trabalhador morto é um a menos na luta consciente, é um gasto social a menos para o estado e assim menos tributos à diminuição dos custos de produção e o aumento do lucro.

Sentimos muito pelas mortes dos companheiros que na luta por igualdade perderam suas vidas aqui e principalmente nos países vizinhos durante o ano que se findou. Mas é necessário que se reflita, em outras estratégias que mantenham nossos amigos em segurança.

Assim, a comunicação popular no Brasil deve trazer para a luta de ideias e compreensões, algo que é nosso, a nossa visão e leitura da realidade, da cultura e da nossa história. Para que nos identifiquemos uns nos outros as nossas mesmas dificuldades e sofrimentos. São nas nossas mazelas, nas dificuldades financeiras, no medo da miséria, no nunca verdadeiramente descansar ao sexto dia, ou era o sétimo? Enfim... É através desse processo de reconhecimento que construiremos algo nosso.

Afinal, se somos nós que tudo produzimos, nós também tudo paramos. Ao entendermos que somos nós quem tem que definir nosso tempo e nosso futuro.

Texto de Cristiane Camargo
Secretária dos meios alternativos de comunicação popular do Brasil.


Ruben Suarez
Diretor Internacional.



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