quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

A Conaicop Brasil se solidariza com a companheira Cristiane Galarza.





A Conaicop Brasil se solidariza com a companheira Cristiane Galarza que em uma discussão com o companheiro Rafael Dantas foi ofendida com insinuações machistas sobre sua vida particular. Pedimos enquanto unidade de grupo que o companheiro se retrate publicamente sobre o comentário veiculado no grupo Conaicop Brasil. Porém, sabemos que a questão chave da discussão não era essa, e sobre isso temos o seguinte posicionamento:

Nossa intenção ao agregarmos diferentes posicionamentos da esquerda brasileira e da America Latina é justamente a busca por uma unificação para publicações de matérias de interesse da classe trabalhadora através de uma leitura critica, e assim desvencilhar as amarras ideológicas do capitalismo. A urgência dessa proposta se faz pela ofensiva da política econômica neoliberal e o advento do fascismo político.
Dessa forma, esclarecemos que conhecemos as divergências políticas partidárias que existem entre nós, e não a desmerecemos, mas entendemos que elas devem ser ponto de partida para uma construção popular unificada. Essas diferenças não são apenas de fatos do presente, mas se materializam desde o inicio da repercussão da Teoria Revolucionária de Marx.
Para evidenciarmos esse processo vejamos o que Esping Andersen  tem a dizer sobre a social-democracia:

Ao adotar o reformismo parlamentar como estratégia dominante em relação à igualdade e ao socialismo, a social-democracia baseou-se em dois argumentos. O primeiro era o de que os trabalhadores precisam de recursos sociais, saúde e educação para participar efetivamente como cidadãos socialistas. O segundo argumento era o de que a política social não é só emancipadora, é também uma pré-condição da eficiência econômica (Myrdal e Myrdal, 1936). Segundo Marx, o valor estratégico das políticas de bem-estar neste argumento é o de que elas ajudam a promover o progresso das forças produtivas no capitalismo. Mas a beleza da estratégia social-democrata consistia em que a política social resultaria também em mobilização de poder. Ao erradicar a pobreza, o desemprego e a dependência completa do salário, o welfere state aumenta as capacidades políticas e reduz as divisões sociais que são as barreiras para a unidade política dos trabalhadores.
O modelo social-democrata é, então, o pai de uma das principais hipótese do debate contemporâneo sobre o welfare state: a mobilização de classe no sistema parlamentar é um meio para a realização dos ideais socialistas de igualdade, justiça, liberdade e solidariedade. (ANDERSEN, 1991,p 90-91).

É evidente que a social-democracia não alcançou a destruição das bases capitalistas como propunha seus defensores, mas também é evidente que gerou melhorias para a classe trabalhadora, e devem ser reconhecidas e respeitadas enquanto estratégias na história da esquerda.
Da mesma forma no Brasil, quando ante a década de 1930 quando o partido comunista apoia a industrialização  unindo-se a setores da burguesia, cabem sim criticas, mas ao mesmo tempo  o desenvolvimento urbano contribuiu com a organização dos trabalhadores impulsionados pelos imigrantes de orientação política anárquica que passam a criar movimentações políticas nas comunidades de trabalhadores discutindo sobre as condições de exploração que estavam vivenciando, nasce também desse processo os primeiros contestadores políticos do nosso país. Vale resaltar que no período da República Velha, segundo Passetti (2008) os anarquista tinham se organizado para educação de seus filhos e dos trabalhadores, criando em São Paulo duas escolas fundamentadas nas ideias de Paul Robin de uma educação libertária, suas práticas eram fundamentadas na construção educativa de uma emancipação da classe trabalhadora, tendo início desde os primeiros anos de ensino.  Essa iniciativa já em funcionamento em duas escolas em São Paulo foi duramente reprimida e o Estado passou a regulamentar e oferecem o ensino público, retirando a possibilidade de emancipação aos trabalhadores brasileiros.
Não diferente disso, a organização da sociedade civil principalmente no final da década de 1970 e 1980 pela redemocratização, materializaram os direitos sociais na Constituição Federal de 1988 reconhecida como socialdemocrata,  e retiraram da morte milhares de trabalhadores principalmente pelo acesso a saúde pública. Ainda que na década de 1990 fosse atropelada pela ofensiva neoliberal.
Sobre os governos do Partido dos Trabalhadores - PT, nunca tiveram em seu bojo de propostas a destruição da estrutura capitalista: propriedade e renda. Porém, da mesma forma desempenharam um grande papel de acesso às universidades e Institutos Tecnológicos nunca alcançados antes na história brasileira.
Então, como podemos descartar as lutas dos grupos mais críticos e progressistas da nossa sociedade sem levar em conta sua contribuição para a classe trabalhadora?
Por esses e outros motivos próprios da luta política, que buscamos como norte para um processo de amadurecimento criar estratégias de comunicação com a classe trabalhadora com o propósito emancipatório, unificando forças e lutando contra nosso histórico de unificação com os setores conservadores da política nacional como apontam Caio Prado Jr. E Florestan Fernandes. Se temos que unificar, que seja com a esquerda!

Sendo assim. Nossa intenção nunca foi de cercear o pensamento ou a liberdade de expressão, e abrimos espaço para que a companheira Cristiane Galarza publique uma nota explicativa para publicação e também para esclarecer aos companheiros da Conaicop Brasil sobre os motivos da discussão, a fim de que todos os conheçam. Da mesma forma, em solidariedade aos militantes do PCO que fazem um trabalho de base de sol a sol com a venda de jornais e ligações, viajando muitas vezes apenas com o dinheiro de um lanche no bolso, abrimos também o espaço para o dirigente do PCO Rui Costa Pimenta se manifestar, se assim quiser.

Assim, se encerra nosso pronunciamento sobre o assunto.

Cristiane Camargo
Secretaria dos meios alternativos de comunicação popular no Brasil.

Rubén Suarez
Diretor Internacional.

2 comentários:

  1. Agradeço profundamente a Conaicop br.
    É lamentavel pessoas que se dizem predisposta a lutar para implantar o socialismo/comunismo científico no Brasil , ter atos machista e misoginos.

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  2. Cristiane tem todo meu apoio!
    Zezinho - Bshia

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