quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Arte e cultura atacados no Brasil


Texto de Luiz Pimenta
Militante nas comunicações populares no Brasil
Diretor Internacional da Conaicop - Rubén Suárez

A retorica fascista se inicia sempre contra os seus inimigos imediatos que estão mais próximos do povo, os políticos populares e os artistas. Obviamente os políticos de esquerda são as primeiras vítimas, pois são os que poderiam, com mais eficácia combater o fascismo, desde utilizando de projetos de Lei até mesmo mobilizando a população contra os retrocessos, mas ao observar a História (e agora estamos tendo uma aula em tempo real), os artistas são quase que igualmente atacados.

Já é uma tradição encontrarmos uma quantidade maior de artistas que se identificam ou simplesmente que tem um discurso totalmente ou próximo da ideologia de esquerda, uma vez que essa ideologia está ligada a busca pelo conhecimento, a expansão da consciência, do saber, da intelectualidade, da pesquisa, do questionamento, da oratória. A arte, historicamente sempre foi um dos meios para se transmitir uma mensagem, seja ela apenas restrita a arte ou até mesmo algo político, como foi no período da Idade Média, onde artistas com medo de ir para a fogueira da Igreja, transmitiam mensagens através de suas obras (literatura, artes plásticas, etc), foi assim com Michelangelo, Da Vince, etc. Obviamente, como o inimigo do fascismo é, em última análise, o conhecimento e a liberdade, está incluso também na lista dos perseguidos do fascismo os cientistas. Mas vamos nos ater apenas aos artistas nesse momento.
Durante a Ditadura Militar brasileira, que nunca se reconheceu como tal, mas como uma “revolução”, houve uma estratégia especifica contra os artistas; perseguindo diretamente uns com prisões e torturas, para outros a estratégia utilizada era ser “convidados a se retirarem” do país ou até mesmo não fazer praticamente nada contra eles. Por que esse cuidado todo, já que poderiam simplesmente prender ou expulsar todos? A resposta está no primeiro parágrafo a cima: a popularidade que o artista tem. A estabilidade de um regime, seja ele democrático ou não passa pela forma como esse regime trata os artistas. É preciso lembrar que arte é muito mais entretenimento do que algo para ser apreciado caricatamente como um quadro de Picasso. A arte de um país é a sua música, suas novelas, seus filmes, que são fartamente consumidos pelas pessoas, quase como se fosse literalmente comida; e levando em consideração a crescente deterioração do capitalismo com empregos precarizados e salários baixos, o que resta para população como consolo e descanso são ouvir música, assistir novelas, filmes ou em estágios avançados drogas, álcool e religião. Assim sendo, se um regime ataca aquilo que a população vê com “bons olhos” poderá vir a prejudicar esse regime. É sabido inclusive que o movimento Jovem Guarda foi instrumentalizado pela Ditadura Militar como forma de expor um ambiente e “clima” pacifico e alegre no país, durante os anos de chumbo, mostrando assim como o regime estava inteirado sobre o poder dessas formas de entretenimento nas massas. Porem analisando tanto a Ditadura Militar quanto o governo Bolsonaro vemos que a situação atual caminha para algo muito pior.



Se as perseguições aconteciam durante um período oficialmente ditatorial, agora as perseguições existem num regime dito democrático. Ou seja, estamos vivendo algo similar a uma ditadura numa democracia. Os ataques do governo em todas as áreas acontecem todos os dias; só na área da arte e cultura ocorrem ataques contra a Ancine, Iphan, Biblioteca Nacional, atores, cantores etc. Os tipos de ataques são censura, corte de verbas, emparelhamento de órgãos públicos, perseguição direta, etc.  E não há nenhuma vontade por parte do governo em esconder as perseguições, tudo acontece as claras; a justificativa utilizada é ser “contra ideologias”, seja lá o que isso signifique; porem com esses ataques a ideologia que permanece é o fascismo, uma ideologia anti conhecimento, anti inteligência, anti ciência, anti progresso, anti desenvolvimento.

Dentro do contexto da situação econômica mundial, onde vemos um capitalismo a beira da autodestruição, onde o sistema democrático já não vale mais nada, onde a anarquia fascista impera, não podemos mais esperar por soluções dentro do atual regime político-econômico. A solução passa pela derrubada total do capitalismo (que já está em vias de se encerrar como sistema viável), e iniciar um novo sistema onde não haja mais poucas pessoas que detém muito e, muitas pessoas que detém pouco ou quase nada. É preciso aproveitar a oportunidade para mostrar a todos que a Revolução dos trabalhadores está na ordem do dia; que é possível sim vivermos num mundo melhor sem a necessidade de servos escravos do dinheiro, de ter de trabalhar não porque gosta, mas para sobreviver. Temos que agir para trazer mais e mais pessoas para nossas fileiras, que é a Revolução Proletária. Se a esquerda institucional não faz nada e continua se apegando ao mito da democracia capitalista e das eleições controladas pela burguesia temos então de agir sozinhos e mostrar a verdade ao povo e a nós mesmos.

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