BRASIL, “MOSTRA TUA CARA”.
Cristiane Camargo
Secretária dos meios alternativos de comunicação
popular do Brasil.
O capital é implacável e em um
país com a extensão territorial como o Brasil, com as riquezas que ele
naturalmente produz, certamente não iria ser deixado de lado pelos defensores
do lucro. A dominação no Brasil é
extremamente severa, vivemos uma sincronia de dominação e submissão construída passo a
posso à nossa formação. Somos instruídos a não pensar e a não questionar, o simples
ato de ter uma opinião contrária à ordem, direciona aos “rebeldes” o braço
forte do Estado e a condenação por uma sociedade que não se reconhece. Seu
estranhamento dado à realidade cruel que vive e a defesa que insiste em fazer
do sistema que ó oprime retrata um povo confuso. As mulheres e homens
humilhados pela falta de empregos de oportunidades, pelos empregos degradantes
e vexatórios diante de uma sociedade de status, talvez os faça reconhecer que a
ideia de empreendedor de si mesmo não era assim tão promissora. O que resta aos
trabalhadores são as bicicletas de entrega, a panfletagem, a venda ambulante e
os pequenos serviços, que ao seu modo de ver o mundo como fora ensinado, é o
meio pelo qual ele se mantém longe da miséria, sim, o medo da miséria impera
sobre todos nós, as amarras do capital se mostram ainda mais forte nesse
sistema neoliberal. Uma economia não formal chega mais rápido às comunidades, a
criminalidade e mendicância tomam as ruas das cidades sem a reflexão de que é
fruto de um sistema econômico em curso, e a sociedade que se esquiva da mesma
miséria desvia o olhar. Olhar para eles talvez signifique reconhecer também o
nosso lugar nesse sistema, até quando conseguiremos nós manter longe desse
mesmo destino é a pergunta que certamente fazemos. Até quando teremos medo? Se
de um lado o medo da miséria nos mantém alienados a todas as formas de
exploração evitando uma reflexão sobre isso, também pelo fato de não vermos
claro a possibilidade de um futuro para nós. Ao mesmo tempo a repressão e essas
amarras ideológicas nos aleijam um espírito revolucionário. Será que devemos
chegar ao mesmo ponto que o Chile e permitir que nos tirem tudo até que nos
tire também o medo?
Mas, será que já não nos tiraram o bastante?
Sempre vivemos de curtos períodos de democracia e ditaduras, que nos impediram
e nos impede até hoje de conhecer e reconhecer nossa história, a história desse país a história do
proletariado que o construiu. A única histórica que conhecemos é o triunfo da
burguesia, fomos apagados da história e continuaremos assim se não a fizermos
com as nossas próprias mãos e a colocarmos como protagonista do nosso futuro.
Ruben
Suarez
Diretor
Internacional.